O monólogo é uma biografia da vida de Plínio Marcos.
Nos seus últimos meses de vida, o personagem faz um panorama de suas andanças, desde a infância, em Santos, passando pela imersão no circo como o palhaço Frajola, suas primeiras peças, a constante censura em suas obras, até filhos, casamentos, sua carreira como jornalista, como camelô e principalmente seu eterno amor pelo teatro.
A montagem é um texto inédito, baseado em diversos livros escritos pelo próprio autor.
Sinopse
Passado nos últimos meses de vida do autor, a personagem Plínio Marcos faz um panorama de suas andanças pela vida, desde a sua infância em Santos, sua
imersão no circo como o palhaço Frajola, suas primeiras peças, a constante censura em suas obras, filhos, casamentos, sua vida de camelô e principalmente seu eterno amor pelo teatro. Em um momento onde o teatro se dividia entre o chamado “Teatrão” e o “Teatro de vanguarda”, um rapaz pobre de Santos muda a historia da dramaturgia dando voz aos marginalizados
e construindo textos com diálogos até então jamais vistos na dramaturgia Brasileira. Entre sucessos e fracassos, Plínio Marcos constrói uma careira a duras penas, seja brilhando nos palcos ou vendendo seus próprios livros como camelô na porta de teatros e restaurantes nas ruas de São Paulo.
O monólogo Plínio tem como base fatos importantes ocorridos na vida de Plínio Marcos, um dos maiores dramaturgos da história do teatro de nosso país. O texto é sobretudo uma celebração da vida de um artista brasileiro, um moleque inteligente que cresceu num bairro periférico de Santos, que frequentou a escola da vida à beira do cais, que fez seu aprendizado na grande tradição brasileira do circo-teatro, tornando-se palhaço e ator, convivendo desde cedo com o público do interior do país e com a censura imposta aos trabalhadores das artes pelas ditaduras. Desde cedo, Plínio conheceu a injustiça e a violência das relações de poder nos desvãos de nossa sociedade sempre contraditória. Plinio deu voz a uma galeria de desprezados e vencidos, mostrando – para além da linguagem crua e realista – a complexidade psicológica de personagens que não pertenciam ao elenco de heróis e heroínas de nossa elite bem-pensante.
No monólogo busco revisitar os pontos luminosos de sua vida e carreira, focalizando a personalidade guerreira e perseverante desse artista que nunca desistiu de fazer teatro mesmo tendo sido o mais censurado de nossa história. Sua coragem, seu humor extraordinário, sua inteligência são postas em destaque a fim de tentarmos entender quem foi Plinio e, principalmente, apresentá-lo às novas gerações. Em “Plínio” tento mostrar suas opções políticas combativas; a sua altivez e irreverência para com aqueles que arbitrariamente visavam proibir ostrabalhadores do teatro de exercerem o seu ofício; a sua dignidade de encarar o ofício de camelô nas ruas de São Paulo para sustentar a si e à sua família; o seu humor contagiante; a sua fidelidade a seus princípios metafísicos e o carinho para com a gente mais sofrida e corajosa que conheceu na infância e juventude. De fato, com um personagem desse porte, não poderia deixar de criar um texto em que os conflitos pessoais e existenciais andassem lado a lado com o humor mais leve e cativante.
Meu objetivo é colocar uma lente de aumento sobre o homem, o dramaturgo, o palhaço, o brasileiro Plínio Marcos, esse extraordinário camelô de histórias. Mas, ao mesmo tempo, é retomar a essência do fenômeno teatral: a de trazer de volta, de reviver, de ressuscitar pessoas que já se foram, mas cuja existência precisa periodicamente ser invocada pela sociedade para que saibamos por quais caminhos seguimos para ser o que somos, para conhecer o que nos tornamos. Essa é uma das mais vitais tarefas do teatro.
Mauricio Arruda Mendonça
O espetáculo Plínio se tornou uma experiência única em minha vida.
Esta peça que tem uma dramaturgia rebuscada de Maurício Arruda Mendonca e que conta com o talento de Roberto Bomtempo no papel título, “Plínio” traça um paralelo da vida e obra do dramaturgo Plínio Marcos. O fato é que a vida do personagem título é uma constante turbulência, uma montanha russa entre o sucesso e o fracasso, a família e a subversão, a vocação e a irreverência, este espetáculo fala sobre sonhos! Sobre um homem que sonhou durante toda a sua vida, mesmo passando por obstáculos tão cruéis como a censura, a pobreza, e a exclusão.
Entre altos e baixos “Plínio” é um homem apaixonado pelo teatro e pela vida, de origem simples, com poucos estudos e muita experiência de rua e de coxias, Plínio Marcos se tornou um dos maiores dramaturgos Brasileiros. Conduzidos pela incrível performance de Roberto Bomtempo em cena neste monólogo, convido aos espectadores à embarcarem neste espetáculo delicado, divertido e emocionante.
Silvio Guindane
A pesquisa que fizemos para construir este espetáculo nos levou a alguns lugares, tanto os que Plí ́nio transitou e viveu, quanto os escritos para seus personagens.
Lugares que ora se sobrepõe e ora se misturam, com fronteiras difusas. Esta foi nossa principal fonte de inspiração para a criação da cenografia. Com mais de vinte palets (estrados de madeira rústica, geralmente utilizados para transporte de carga) colocados em cena, aparentemente amontoados, e cercados por cordas de sisal, que convergem para um ponto alto e central do palco, temos: circo, rua, prisão, teatro, caos, nada...
Criamos um espaço sem identidade visual imediata, mas que sensorialmente revela o dramaturgo. Um cenário único, que pode conduzir nosso público a diversas referências ao mesmo tempo ou, simplesmente, deixar que a performance do ator desenhe o espaço.
Daniele Geammal
Plínio Marcos foi o primeiro dramaturgo que li. Muito antes de pensar em ser ator. Muito antes de pensar em viver dessa profissão: Teatro. Foi aos 15 anos de idade, ainda no colégio São Vicente de Paulo, RJ. Três anos depois, trabalhando pela primeira vez dentro de um teatro, como contra-regra, tive acesso aos seus textos num dos meus surtos de ataques a livrarias. Li todas as peças que consegui comprar do Plínio, de uma vez só
Ninguém passa por isso sem ser arrebatado. Naquele momento tive a certeza do que queria viver o resto da minha vida. Por isso digo que o Plínio é o “responsável” pela minha paixão pelo teatro. Nunca tinha lido nada que retratasse tão claro e profundamente um mundo social que eu não conhecia mas tinha muita curiosidade. Ali a vida mudou pra mim e meu universo se ampliou para sempre.
Durante anos minha relação com Plínio Marcos se deu através dos seus textos, no teatro e no cinema. Até que um dia tomei coragem e fui conhecê-lo pessoalmente. Me recebeu em sua casa, na companhia da Vera Artaxo, sua mulher. Tomamos duas cervejas
e depois fomos almoçar os três, num restaurante do marido de sua filha. Lá tomamos mais umas cervas e eu(parodiando o Plínio), me deixei ficar ali ouvindo suas histórias e sonhando com os nossos melhores: Plínio Marcos, Vianinha, Guarnieri, Paulo Pontes, Dias Gomes, Fauzi Arap, Augusto Boal e tantos outros que me asombravam e me fariam querer contar tudo isso num palco de teatro um dia.
Tudo isso me motivou há dez anos atrás, tentar contar um pouco a história desse cara. Um sujeito que ficou vinte e um anos censurado. Por esse periodo todas as suas peças foram impedidas de serem levadas ao palco. Vinte e um anos tendo que sobreviver como desse. Vendendo livros nas ruas, jogando tarot e contando com sua força, inteligência e vocação para manter viva sua chama e nunca abrir mão dos seus princípios.
É um orgulho para mim hoje, mesmo que por um breve momento, ser Plínio Marcos.
Obrigado Plínio!
Roberto Bomtempo
Ficha Técnica
Texto: Mauricio Arruda Mendonça
Direção: Silvio Guindane
Elenco: Roberto Bomtempo
Pesquisa: Carin Louro, Silvio Guindane e Roberto Bomtempo Daniel Galvan
Iluminação: Daniel Galvan
Cenário: Daniele Geammal
Figurino: Mel Akerman
Caracterização: MartinMarciasTrujillo
Assistência de Direção Produção: Janaina Moura e Sergio Maciel
Produção: Movimento Carioca Produções Artísticas
Duração: 75 minutos
Gênero: Comedia Dramatica
Classificação: Livre para todos os públicos